O câncer de cabeça e pescoço é a quinta neoplasia mais comum no mundo e a incidência global chega a 780 mil casos por ano. Esse tipo pode atingir boca, garganta, laringe (cordas vocais), nariz, seios nasais e ao redor dos olhos.
De acordo com o Dr. Erivelto Volpi, médico cirurgião de cabeça e pescoço e membro do Comitê Internacional da Campanha Mundial do Câncer de Cabeça e Pescoço da International Federation of Head and Neck Oncologic Societies, esse tipo de câncer, incluindo boca, garganta e seios paranasais, é mais comum em homens a partir dos 50 anos de idade, mas pode se apresentar em algumas formas menos comuns em pacientes jovens e mulheres, por isso é muito importante a prevenção.
As principais causas do câncer de cabeça e pescoço estão relacionadas principalmente ao uso de cigarro e ingestão de bebidas alcoólicas, especialmente os destilados (cachaça, whisky, conhaque). “É fundamental salientar que se o paciente é tabagista e etilista, o risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço aumenta cerca de quatro vezes. Outro importante fator para o desenvolvimento desse tipo é o HPV, hoje presente em cerca de 20% das pessoas com câncer dessa região”, afirma o médico.
Um dos grandes desafios é a realização do diagnóstico precocemente, pois, segundo estudos do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 70% das pessoas com câncer de cabeça e pescoço são diagnosticadas tardiamente já que os sintomas são geralmente vagos. Porém, é preciso ficar atento aos seguintes sinais:
· Câncer de seios nasais: feridas que não cicatrizam, sangramento nasal ou obstrução nasal.
· Câncer de nasofaringe: nódulos ou massas no pescoço em 90% dos casos; otites crônicas, cefaleia, alterações neurológicas.
· Câncer de cavidade oral: feridas ou elevações que não cicatrizam, alterações dentárias, dificuldade em fixar próteses dentárias.
· Câncer de laringe: rouquidão, tosse.
· Câncer de orofaringe: nódulos no pescoço, dificuldade de engolir alimentos, dor no ouvido.
Câncer de laringe: alta representatividade
O câncer da laringe (pregas vocais ou cordas vocais) corresponde a 25% dos tumores diagnosticados de câncer de cabeça e pescoço e 2% de todas as doenças malignas. De acordo com o INCA, em 2015, foram registrados no Brasil 6.870 casos de câncer de laringe em homens e 770 em mulheres. A estimativa para 2016 é que sejam computados 7.350 novos casos, sendo 6.360 em homens e 990 em mulheres.
Dr. Erivelto explica que esse tipo tem uma alta representatividade porque a laringe é um órgão bastante sensível à agressão causada pelo tabaco. A imensa maioria dos pacientes com esse câncer são tabagistas há mais de 15 anos.
“Esse tipo de câncer é extremamente relacionado com o álcool e o fumo. Fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolvê-lo. Em pessoas que associam o fumo e bebidas alcoólicas, esse número sobe para 43. Má alimentação, estresse e mau uso da voz também são prejudiciais. Outros fatores como inalação de substâncias nocivas, lesões crônicas da laringe, como por exemplo, por refluxo gastro-esofágico, praticamente não tem relação com o desenvolvimento desses tumores”.
O médico ainda informa que o grande fator para suspeita de câncer de laringe é a rouquidão. Todo paciente que apresenta esse sintoma há mais de três semanas sem melhora, especialmente para pessoas que possuem mais de 50 anos e é tabagista há mais de 15 anos, deve procurar o serviço médico. “Outros sintomas associados, como nódulos cervicais endurecidos e indolores, dor e dificuldade para engolir, além de emagrecimento sem causa aparente são fatores que podem sugerir tumores malignos não somente da laringe, mas também de outros locais”, complementa Dr. Erivelto.
A relação com o HPV
O microrganismo tem sido o causador de infecções que facilitam a formação desses tumores. Estima-se que de 25% a 50% das mulheres e 50% dos homens estejam infectados pelo HPV em todo o mundo. O fato do vírus estar sendo associado a tumores na região da cabeça e do pescoço se deve possivelmente a práticas sexuais, nesses casos principalmente sexo oral.
“O HPV é transmitido pelo contato direto com a pele infectada e, muitas vezes, pode se esconder em áreas não cobertas pelo preservativo. A falta de higiene íntima e bucal aumenta o risco de transmissão do vírus e de desenvolvimento de tumores na região bucal. A infecção por HPV causa pequenas lesões (verrugas) na região da garganta que têm tendência a se tornarem malignas com o tempo”, salienta Dr. Erivelto.
O médico ressalta que essa relação é a mesma que o HPV tem com o colo do útero. “Na realidade, a prevalência do HPV na população mundial é bastante alta, estima-se que cerca de metade da população adulta mundial já tenha tido contato com o vírus. Isso não quer dizer que todos vão desenvolver câncer de colo de útero ou de cabeça e pescoço, porém é um fator que favorece o desenvolvimento dessas doenças”.
Além da verrugas que podem aparecer na garganta ou na boca, outros sinais são: dificuldade para mastigar, rouquidão, dor na língua e mau hálito constante. A vacinação é a melhor forma de prevenção bem como o sexo seguro, alimentação balanceada, não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas e ter uma boa higiene oral.
Prevenção
A principal dica dada pelo Dr. Erivelto para a prevenção do câncer de cabeça e pescoço é não fumar e ingerir bebidas alcoólicas com moderação. Além disso ter hábitos de vida saudáveis, boa alimentação e buscar orientação de um profissional de saúde na presença de qualquer alteração suspeita.
“Vale salientar que qualquer lesão na boca (aftas ou manchas brancas ou avermelhadas) que não melhorem em até 15 dias após serem descobertas devem ser avaliadas por um profissional de saúde (médico ou dentista), pois podem ser um tumor maligno em fase inicial. Se descobertos e tratados nessa fase, os índices de cura são praticamente de 100% com tratamentos bastante simples e quase sem sequelas”, finaliza o médico.
Fonte: Singular Medicamentos


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